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Djavan traz romantismo, poesia e visão social em “Vesúvio” seu 24° álbum

Cantor uruguaio “Jorge Driexer” faz participação especial em “Esplendor”

 

O cantor Djavan já faz parte do “Hall” dos grandes artistas da música brasileira e não é para menos. Com uma discografia ímpar (e mais de 20 álbuns), o artista já é um dos nomes mais lembrados quando o assunto é qualidade musical. Prova disso é que ao longo da carreira ele já angariou o “Grammy de Melhor Canção em Língua Portuguesa”, com a música “Vidas Pra Contar (2016)” do álbum que leva o mesmo nome, “Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira” com o disco “Aria (2011)” e o “MTV Music Wards de 1995”, com a música “Uma Brasileira”, duo com Herbert Vianna dos Paralamas do Sucesso. Por tanta relevância, Djavan vem sendo um dos “grandes cancioneiros” da música e “Vesúvio (2018)” seu mais novo álbum, é a maior prova de que ele continua representando a MPB muito bem. O disco é seu 24° trabalho e como de costume, traz todo o romântismo e a visão social do artista.

 

A começar pela música “Vesúvio”, que intitula o novo trabalho, Djavan já mostra que o amor ainda é a ponta do iceberg em nossa sociedade. “Você quis namorar e eu achei divertido. Mas o mar tem onda..Começou a rolar, foi ganhando sentido.Todo mar tem onda. Quando vi, já não havia nada no prumo. O sol é de ouro. O que dá pra fazer quando se perde o rumo? O sol cai no mar. No mar, cai no mar. E a onda é de ouro. De ouro, de ouro. Eu nunca achei que fosse nada. Pra ficar e fazer o que fez. E ver você sempre ligada. No que faz, pra ter mais, toda vez”. Em seguida Djavan traz a incrível “Solitude”, uma canção que traz o amor e também um pouvo a visão do artista sobre a vida. Por alguns instantes, a música parece ter sido retirada do álbum “Coisa de Acender (1992). “Amor em queda. Mesmo tal moeda. Perde cotação. Um mundo louco. Evolui aos poucos. Pela contramão. O erro invade. Tudo o que é cidade. Cai na imensidão. Guerra vende armas, mantém cargos. Destrói sonhos, tudo de uma vez. Sensatez. Não tem vez. Vidas fardos, meros dados. Incontáveis casos de desamor. Quanta dor. Muita dor”.

 

Dando sequencia ao álbum “Vesúvio (2018)”, Djavan traz a música “Doris Gris”, mais uma canção que remete a trabalhos mais antigos do artista, como por exemplo o disco “Não é Azul, Mas é Mar (1987)”. “Sei que não sei. Sair de onde quero ficar. O meu lugar. É aonde eu ainda não fui. Vivo assim como quem nem nasceu. Esperando você para amar e viver. A poesia. Quanto mais lida, mais ganha vida. Com seu amor. Um ser melhor serei. O vento austral sopra longitudinal. As melenas da nau solidão. E as dores gris de quem ama e não é feliz. É uma praga que dá na raiz. Pois sem você não saberei quem sou. Ou o que faço com tanto amor”. Com “Tenho Medo de Ficar Só”, Djavan ainda traz vestígios bem próximos do seu penúltimo disco “Vidas Pra Contar (2016)”. Tenho medo de ficar só. Sem um bem não se vive. Desvive. Eu não suporto ser quem sou. Quando estou sem ninguém. Tudo é feito de ausência. Carência. Conheço esse estado. Todos os lados. Nada me faz feliz. E vivo sob um céu que nada me diz. Não importa se amado eu for. Só me vale o que eu sinto
Não minto. Amar me faz superior. Tudo queda aos meus pés. Tudo me é possível. Ou crível”.

 

Em “Cedo ou Tarde”, Djavan traz o estilo “Black/Soul” já conhecido em suas canções. Um pouco do que já foi visto, por exemplo, em seu álbum “Lilás (1982)”. A letra é ótima. “Azul. Vem dos lados de anil. Veio assim, nem me viu. Mal passou por aqui. Aqui. Cedo ou tarde é quando? Antes eu me mando. Deixo o ar invadir. Ali. Quem manda é o medo. A hora é imprópria pra sorrir. Viver assim. Com tais dissabores. Não é brincadeira. Com tantos rancores. Faz-se uma fogueira. Não sei. Mais o que é certo. O que decerto é ruim. Nem sei de mim”. Em “Orquídea” Djavan transpõe todo o seu olhar sobre a natureza, algo como ele mesmo quis propor “sonoro e literário”. “Lembra aquela Phalaenopsis que você me deu? Me deixou com Sophronitis por um beijo seu. Pleurothallis, Paphiopedilum. Cores demais, nada comum. Cyrtopodium, Sarcoglottis”.

 

Já na música “Viver é Dever”, ele traz uma dose bem grande de entusiasmo mostrando que para ter uma vida mais para “cima” é preciso simplesmente “viver. “Tudo vai mal, muito sal. Nada vai bem pra ninguém. Nessa pressão, quem há de dar a mão? Pra que o mundo saia lá do fundo pra respirar. E não morrer. Tem que plantar muito mais. Reflorestar ideais. Ideia boa não acontece à toa. Uma vida pra ser bem vivida tem que se dar. Acudir, amparar, prestar mais atenção. Pois viver é dever, se negar é pior, merecer cada mão. A paixão é o sol que se espalha no ar. Mesmo ao anoitecer. Pois viver é dever, se negar é pior, o melhor é viver”. Em sequência ele apresenta “Madressilva”, “Mãos Dadas”, “Meu Romance”, “Entre Outras Mil”, “Um Quase Amor” e fecha com “Esplendor” (uma segunda versão da canção “Meu Romance”), no entanto, um belo duo com “Jorge Driexer”, cantor e compositor uruguaio. “No hay otro romance. Mi luz que de alcance. A tal esplendor. Serás la primera. Y única bandera. De un gran amor. Mas cuando estás lejos. Tiemblan los espejos. No encuentro mi voz. Sólo sé de mí. Desde tu mirar. Lo que no nazca en ti. No me alcanzará. Donde sea que estés. Siempre encontraré. Remanso de paz”.

 

 

Avaliação

 

Uma tarefa difícil que encontrei em “Vesúvio (2018)” de Djavan, foi escolher as faixas que mais gostei, pois todas agradam do início ao fim do álbum. De qualquer forma indico: “Vesúvio”, “Solitude”, “Doris Gris”, “Cedo ou Tarde”, “Orquídea”, “Viver é Dever”, “Mãos Dadas”, “Meu Romance”, “Entre Outras Mil” e “Esplendor (duo com Jorge Driexer)”. Avalio o novo álbum de Djavan com cinco estrelas (máxima), pois mesmo tendo sido premiado com a música “Vidas Pra Contar (2016)”, seu penúltimo álbum não traz toda a força que “Vesúvio (2018)” em pouco tempo já traz para o público. Um disco grandioso e com letras na medida. Além disso, com um Djavan ainda mais vital e que diga a sua voz que está ainda melhor. Um artista que sabe surpreender pela qualidade musical sem decepcionar jamais o público. Um álbum primoroso e que vale a pena ser escutado sem parar. Disponível no formato físico e também no Deezer e Spotify.

 

 

 

 

Até a próxima Crítica Musical.

Crítica Musical é publicada neste espaço toda quinta-feira.

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Felipe de Jesus - Siga: @felipe_jesusjornalista
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