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Crítica Musical: Lenine lança ‘Em Trânsito’ mostrando que o afeto é fundamental em tempos de muita ‘intolerância’ e “ego” elevado

Álbum traz seis novas canções e algumas releituras; Pegada mais Rock And Roll marca novo trabalho

 

Com tantos artistas brotando na música nacional, o que falta é espaço para se destacar, mas não para as “grandes” pérolas da MPB, como, por exemplo, o cantor e compositor Lenine. Com uma carreira sólida e muito bem trabalhada, o artista que já surfou no Pop Rock (com o Capital Inicial / Kid Abelha) e também no Sertanejo (com Chitãozinho & Xororó) lança o seu mais novo álbum: “Em Trânsito (2018)”. O disco traz registros “ao vivo” de um show apresentado em janeiro desse ano com 20 faixas, sendo seis composições novas mais 14 antigas. Além disso, reforça sua presença na MPB deixando claro que ele é um dos maiores nomes do estilo musical no país.

 

Diferentemente dos álbuns O Dia Em Que Faremos Contato (1997), Na Pressão (1999), Falange Canibal (2002), In Cité (2004), Acústico MTV (2006), Labiata (2008), Chão (2011) e Carbono (2016), no CD “Em Trânsito”, Lenine chega com uma temática bem diferente das canções mais lentas e marcantes de sua carreira. No novo trabalho Lenine expressa todo o seu sentimento sobre o mundo atual com pegadas de Rock And Roll. Para ele, o passado é realmente passado. “É o transitório, o transitivo, o fato de estar aqui no caminho, sem a menor ideia do que há à frente. Também não estou olhando pra trás, e tem essa coisa da urgência”, explicou o artista em entrevista a imprensa.

 

As novas faixas de “Em Trânsito” são: Sublinhe e Revele, Intolerância, Ogan Erê, Umbigo, Bicho Saudade, Lua Candeia e Leve e Suave que traz uma bela letra e a demonstração de muito afeto. “Há de ser leve. Um levar suave. Nada que entrave. Nossa vida breve. Tudo que me atreve. A seguir de fato. O caminho exato. Da delicadeza….Só viver no afeto”. Já na faixa Intolerância (primeira lançada), Lenine demonstra algo que permeia em nossa sociedade atual, a própria falta de tolerância. “Intolerância não é gratuito. Ela está sendo a vedete do momento, em todos os universos você vê a intolerância como porta-voz de tudo”, disse.

 

Dando continuidade, na faixa Umbigo Lenine mostra “de certa forma” que as pessoas também estão ficando cada vez mais sozinhas no mundo das “opiniões divergentes” nas Redes Sociais e do “ego” elevado. “Gosto muito de conversar comigo/Umbigo meu nome é espelho/Não dou ouvidos nem peço conselhos”. Em seguida, o álbum segue com Sublime, Bicho Saudade, Revele e Ogan Erê. Além das canções e sons que distanciam muito de seus trabalhos anteriores, Lenine fez também um percurso bem diferente na gravação de “Em Trânsito”.

 

Para a concepção do novo trabalho, ele montou primeiramente a estrutura de um show para um grupo pequeno de amigos e patrocinadores. A apresentação foi gravada para dar origem a um DVD em parceria com o Canal Brasil. A partir disso, surgiram os singles, o clipe da música Intolerância e enfim, a ideia do álbum. Para Lenine essa nova forma de trabalho já era uma saída que ele procurava em sua carreira. “Em Trânsito trago essa procura de outros mecanismos para fazer o que faço”. Ou seja, Lenine não se trancou em um estúdio para gravar o novo álbum, apenas selecionou o que valeria a pena do show já registrado. Sendo assim, menos trabalho e desgaste.

 

Avaliação

 

Entre as faixas que mais gostei e indico de “Em Trânsito (2018)”, destaco Lua Candeia, Leve e Suave e a canção Umbigo. Essas faixas (mesmo tendo uma pegada mais Rock), com certeza mostram o estilo inconfundível de Lenine. Quanto a avaliação do álbum, dou quatro estrelas (avaliação média) porque mesmo sendo um novo trabalho, Lenine traz poucas canções inéditas e acho que os fãs certamente esperavam mais novidades. O álbum não deixa nada a desejar, mas se afasta da fórmula que todos os fãs do cantor já conhecem. Todavia, deixa claro que Lenine, como todo “bom compositor e quase cronista”, vem escrevendo sua história na MPB de forma única. Disponível no formato fisico, @deezer e também Spotify.

 

 

Fotos: Flora Pimentel.

 

Até a próxima Crítica Musical.

Crítica Musical é publicada neste espaço toda quinta-feira.

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Charles Douglas
Virginiano, metropolitano de Ibirité, mas com a vida construída em BH, jornalista recém formado e apaixonado pelos rolês culturais da capital mineira. Está perdido no mundo da internet desde quando as comunidades do Orkut eram o Culturaliza de hoje. Quando não está com a catuaba nas mãos, pelas ruas de Belo Horizonte, está assistindo SBT ou desenhos no Netflix.