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Luiz, Câmera, Ação: O Jogo da Imitação

Filme: O Jogo da Imitação
Gênero: Biografia, drama
Diretor: Morten Tyldum
Trailer:

 

 

Uma máquina para se olhar diferente

 

Este filme, que levou o Oscar 2015 de melhor roteiro adaptado, é daqueles sobre os quais é possível fazer uma lista enorme de qualidades que me agradam. Para ver “O Jogo da Imitação”, que está disponível na Netflix, você já tem que estar extremamente focado, pois ele vai te fazer pensar, interpretar, refletir. Eu sempre achei isso bem instigante. E, além de ter a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, o que rende uma belíssima fotografia, o filme trata de uma história real, o protagonista é do tipo diferente e problemático, e as vidas profissional e amorosa dele viram enredo em paralelo – todos elementos que costumam satisfazer não só a mim, mas o mais importante: à academia responsável pela premiação.
 
 
Resumindo: o filme traz a cinebiografia do matemático, criptoanalista e filósofo Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um genial cientista britânico que não teve uma vida fácil, mas fez todo o esforço possível para chegar a seu objetivo: conseguiu encurtar a guerra (estima-se, em cerca de dois anos, poupando 14 milhões de vidas) ao inventar uma máquina que seria uma das primeiras versões de nosso computador, capaz de decodificar as mensagens nazistas trocadas pelos alemães em outra máquina, chamada Enigma. Com a ajuda de alguns experts da física, da matemática e da lógica, Alan Turing, perseguido e preso por ser homossexual, encontra a também inteligente Joan Clarke (Keira Knightley), discriminada por ser mulher e fazer serviços que seriam de homens. Ou seja, o preconceito é algo que, nesse longa do diretor norueguês Morten Tyldum (que fez sua estreia em Hollywood), está presente do início ao fim. E chegar à frase mais interessante do filme sob essa perspectiva é algo estimulante.
 
 
Em certa parte da produção, Turing poetiza: “Às vezes, as pessoas que menos esperamos podem fazer o que nunca imaginamos”. Se em tempos modernos essa frase pode ser mantida como um mantra, imagine há mais de 60 anos? Não existe uma máquina, criada por um supergênio, que nos permita escanear a imagem de uma pessoa e concluir o que ela tem de bom, o que de melhor ela pode nos oferecer ou quais são suas melhores qualidades e defeitos. Ninguém inventou essa relíquia ainda. O que nos cabe é acreditar! Não fazemos nada sozinhos, assim como Turing precisou da ajuda de outros feras. Dependemos das ideias e do talento do outro para aperfeiçoarmos nossos conceitos e planos. É óbvio que, para aceitarmos qualquer teoria do outro, é necessário colocar esse outro em prática. E se não for dada uma oportunidade a ele, como vamos descobrir os futuros craques?
 
 
Resumindo outra vez: não dá pra julgar alguém por seu gênero, por sua orientação sexual, por sua cor, pela roupa que veste, pelos hábitos que tem, pela forma como se apresenta à primeira vista. Não dá também para você deixar de assistir a esse filme, que te dá uma enorme lição de vida. É claro que isso não pode ser visto como regra, mas, às vezes, os diferentes são os mais espetaculares!
 
 
“Luiz, Câmera, Ação” é publicada neste espaço toda sexta-feira!
 

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Luiz Cabral
Palpiteiro de plantão, Cabral é, atualmente, responsável pelas colunas SuperDicas (@superdicasbh), com sugestões de gastronomia e diversão na capital; Nossas Histórias, com textos de cotidiano e comportamento; e Luiz, Câmera, Ação – www.luizcameraacao.com, com indicações de filmes e reflexões sobre o que a magia do cinema faz nas nossas vidas. A sétima arte, inclusive, é a sua maior paixão. Aqui neste espaço ele vai narrar, com sensibilidade e crítica, como um filme pode ser muito mais que duas horas de diversão na poltrona do cinema.